'Acabou o dinheiro': 15 anos depois da icônica declaração, esportes olímpicos do Flamengo são referências
Em janeiro de 2009, Márcio Braga, então presidente do Flamengo, proferiu frase durante coletiva que ficaria marcada por anos: “Acabou o dinheiro”. A declaração estava relacionada aos Esportes Olímpicos e chegou acompanhada de anúncio cortes financeiros. 15 anos depois, o Mengão vive situação financeira completamente oposta e retomou posto de referência nas modalidades olímpicas. Assim, o Mundo Bola relembra como foi o processo de recuperação do Flamengo:
Márcio Braga, em 2009, referia-se aos contratos com as estrelas da ginástica Diego Hypólito, Daniele Hypólito e Jade Barbosa. O vínculo dos atletas com o clube tinha se encerrado em dezembro do ano anterior e não seriam renovados. Além disso, nomes do basquete como Marcelinho Machado e Rafael “Baby” Araújo também estavam em risco.
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“O que acontece é exatamente o seguinte: acabou o dinheiro. Em razão da crise que abala o mundo, não há condições de gerir unidades fora do futebol”, disse Márcio Braga, antes de ser interrompido por falta de luz na Gávea.
O presidente rubro-negro fez duras críticas e apontou o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) como culpado pelos problemas do clube para financiar os Esportes Olímpicos. Isso porque a entidade não repassava dinheiro aos clubes, o que obrigava o Flamengo a tirar dinheiro do futebol. No entanto, o clube esgotou os recursos e passou a enfrentar problemas em todas as modalidades.
“Não falta recurso. Mas está mal versado. Só naquela festa para o Prêmio Brasil Olímpico, foram gastos R$ 1,78 milhão de verba federal. Se o dinheiro da festa do COB chegasse aqui, não haveria atleta insatisfeito.”
Através da então vice-presidente de Esportes Olímpicos, Patrícia Amorim, o clube conseguiu convênio com a prefeitura de Niterói para a ginástica. Com isso, conseguiu manter Jade Barbosa e os irmãos Daniele e Diego Hypólito. Além disso, novos patrocínios permitiram ao clube manter os principais nomes do basquete, que seria campeão do NBB em junho de 2009 e mais seis vezes desde então.
No entanto, a ginástica do Flamengo voltaria a enfrentar grande crise poucos anos depois. Em 2012, incêndio atingiu o ginásio Cláudio Coutinho e destruiu a estrutura do clube. Os atletas rubro-negros foram obrigados a treinar em outras instalações por três anos. O local foi reaberto em 2015, com investimentos do Fla, do COB e do Comitê Olímpico dos EUA, para servir de sede da equipe norte-americana nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
Gestão Eduardo Bandeira de Mello (2013-2018)
Eduardo Bandeira de Mello assumiu o Flamengo em janeiro de 2023 com plano de recuperação financeira. Uma das primeiras decisões como presidente foi acabar com modalidades adultas de esportes olímpicos: judô, natação e ginástica olímpica. O clube manteve promessas da base, incluindo a ginasta Rebecca Andrade, que estava na categoria juvenil.
“Infelizmente, nós estamos sendo obrigados a suspender temporariamente as equipes de ginástica artística e judô. Fomos conversar com a prefeitura, com o governador e com o COB para tentar explicar a situação e tentar uma ponte para 2013. Nos ofereceram algum tipo de ajuda em outras áreas, mas nenhum dinheiro vivo nos foi oferecido”, justificou o vice-presidente de esportes olímpicos, Alexandre Póvoa, na época.
A gestão Bandeira focou em conseguir Certidões Negativas de Débito, que representam equacionamento de dívidas fiscais com Governos Federal, Estadual e Municipal. Com as o documento, o clube ficou apto para receber patrocínios do Estado e implementar projetos incentivados para captação de recursos.
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Ainda em 2013, o clube lançou o projeto “Anjo da Guarda”, que hoje se tornou o Fla-Anjo e arrecadou quase R$ 10 milhões para os esportes olímpicos em 2023.
O clube retomou as categorias profissionais em 2014 e já teve atletas convocados para Seleção Brasileira de judô. Em 2015, o Conselho Diretor rubro-negro anunciou que todos os esportes olímpicos era autossuficientes e não dependiam mais de verba do futebol.
Gestão Landim (2019): Rebeca Andrade e chegada de campeões olímpicos
O Flamengo foi referência nos esportes olímpicos brasileiros nos últimos anos, chegando ao ápice em 2023. E muito desse sucesso está relacionado ao momento de carreira que vive a ginasta Rebeca Andrade. A atleta formada no Rubro-Negro conquistou 15 medalhas nos últimos quatro anos, somando Olimpíadas, Mundiais de Ginastica e Jogos Pan-Americanos.
Rebeca foi medalha de ouro no salto e prata no individual geral nas Olimpíadas de Tóquio, em 2021. Em Mundiais, a atleta também subiu ao pódio em diferente categorias e soma tem três medalhas de ouro (Kitakyushu 2021, Liverpool 2022 e Antuérpia 2023), três de prata ( Kitakyushu 2021, Antuérpia 2023, Antuérpia 2023) e duas de bronze ( Liverpool 2022 e Antuérpia 2023).
Além de Rebeca Andrade, as ginastas rubro-negras Flávia Saraiva, Jade Barbosa e Lorrane Oliveira fizeram história no Mundial de Ginástica em 2023. Juntas, elas conquistaram medalha de prata inédita para o Brasil em competição por equipes.
A gestão de Rodolfo Landim também investiu na contratação de grandes nomes olímpicos para o Fla. O primeiro foi o canoísta Isaquias Queiroz que havia conquistado três medalhas na Rio 2016 e era pentacampeão mundial . Como atleta rubro-negro, ele subiu ao lugar mais alto do pódio nas Olimpíadas de Tóquio e igualar recorde de medalhas de um atleta brasileiro em 2024.
Atletas do Flamengo brilharam no Pan-Americano 2023
Os atletas do Flamengo se prepararam para as Olimpíadas de Paris 2024 e a expectativa é de medalhas para muitos. Afinal, o ótimo desempenho dos rubro-negros no Pan-Americano de 2023 chamou a atenção e aumentou os holofotes sobre os profissionais.
Com uma delegação de 40 atletas e três treinadores, os rubro-negros conquistaram 30 medalhas. Foram 10 de ouro, 12 prata e oito de bronze. Se fosse um país, o Mengão estaria na nona colocação do quadro de medalhas, que conta com 38 países.
Veja a lista de medalhas do Fla no Pan:
Ouro:
- 4x Guilherme Caribé (natação – 100 m livre, revezamentos 4×100 livre masculino e misto e 4×200 livre);
- 2 x Rebeca Andrade (ginástica -salto e trave);
- Murilo Sartori (natação – 4×200 livre); Rafaela Silva (judô); Felipe Kluver (remo); Igor Jesus (futebol) e Loku Cuello (basquete).
Prata:
- 4x Flavia Saraiva (ginástica – equipes, solo, trave e individual geral);
- 2x Rebeca Andrade (ginástica- equipes e barras paralelas);
- Jade Barbosa (ginástica – equipes);
- Diogo Soares (ginástica – individual geral);
- Guilherme Caribé (natação – revezamento 4×100 medley);
- Isaquias Queiroz (canoagem – C1 1000 m);
- Rafaela Silva (judô por equipes);
- Felipe Kluver (remo);
- Alexandre Mendes, Logan Wolverine e Alipio Nardaci (polo aquático masculino);
- Lais Vasques, Sabrina Machado e Helena Hoengen (vôlei feminino).
Bronze:
- Flávia Saraiva (ginástica – barras paralelas);
- Diogo Soares (ginástica – equipes);
- Murilo Sartori (natação – 200 m livre);
- Gabrielle Assis (natação – 200 m peito);
- Laura Micucci e Gabi Regly (nado artístico – dueto);
- Alejandra Alonso (remo);
- Rebecca Moreira, Samantha Rezende e Jeniffer Kathlen (polo aquático feminino);
- Gabriel Jaú, Maique, Scott Machado, Didi Louzada e Gui Deodato (basquete masculino).
Jornalista graduado no Centro Universitário IBMR, 23 anos, natural do Rio de Janeiro. Amante da escrita e um completo apaixonado pelo Flamengo, vôlei e esportes olímpicos.