Na última sexta-feira (31/03), o Flamengo publicou balanço revelando que superou R$ 1,1 bilhão em receita em 2022, consolidando sua supremacia econômica no futebol brasileiro e ainda mais no Carioca. Porém, se a boa situação financeira ajudou na conquista de vários títulos desde 2019, a torcida reclama que esse desequilíbrio não vem se refletindo em clássicos, principalmente no Fla-Flu.
Ontem, porém, a História foi diferente e o abismo econômico foi decisivo no primeiro Fla-Flu da final do Campeonato Carioca de 2023. Isso porque os dois gols da vitória rubro-negra foram marcados por jogadores formados no Fluminense, que o rival precisou vender para pagar contas, e o Flamengo repatriou da Europa anos depois.
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O primeiro gol foi marcado pelo lateral-esquerdo Ayrton Lucas. Descoberto pelo Fluminense no ABC-RN em 2014, aos 16 anos, Ayrton completou sua formação na base e chegou ao profissional pelo tricolor. Após se destacar, foi vendido no fim de 2018 ao Spartak de Moscou por 7 milhões de euros.
O Fluminense tinha apenas 50% dos direitos econômicos de Ayrton e ficou com 3,5 milhões de euros, o equivalente na época a cerca de R$ 15 milhões. Antes mesmo de fechar o negócio com o Spartak, o Fluminense teve que pedir um adiantamento ao empresário de Ayrton Lucas, Carlos Leite, para pagar parte dos salários atrasados.
O Flamengo não atrasa salários há cerca de dez anos, desde que assumiu o presidente Eduardo Bandeira de Mello, que teve o atual presidente Rodolfo Landim como seu primeiro vice de Planejamento.
Ayrton Lucas chegou ao Flamengo no ano passado. Com a guerra da Ucrânia, o Flamengo conseguiu trazer o lateral sem pagar pelo empréstimo, já que ele conseguiu suspender seu contrato na Rússia por uma temporada. Após ele agradar, o Flamengo decidiu adquirir seu passe em definitivo e, segundo o balanço publicado na semana passada, vai pagar cerca de R$ 39 milhões para ficar com Ayrton, que vem sendo um dos grandes destaques da temporada.
Fluminense tentou impedir retorno de Pedro ao Flamengo
O autor do segundo gol é outro jogador formado em Xerém. Embora tenha chegado a jogar na base rubro-negra, Pedro foi dispensado e, após passar pelo Artsul, completou sua formação pelo Fluminense. Após se destacar no início da carreira, despertou o interesse do Flamengo, que fez uma proposta ao rival para comprá-lo.
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O presidente tricolor, Mário Bittencourt, no entanto, se negou a realizar o desejo do atacante de jogar no Flamengo e preferiu vendê-lo para a Fiorentina. Na ocasião, o Fluminense teve que correr para pagar os salários atrasados de Pedro – enquanto devia a todo o resto do elenco – para evitar que o jogador buscasse liberação na Justiça para defender o rubro-negro.
Seis meses depois, porém, Pedro chegou por empréstimo ao Flamengo e fez parte do elenco campeão brasileiro de 2020. Mesmo na reserva, então, o Flamengo decidiu investir 14 milhões de euros para contratar o atacante.
Hoje, ele é titular absoluto, artilheiro do time e disputou a Copa pela seleção brasileira. Ele também foi eleito o Rei da América em 2022 pelo seu desempenho que ajudou a conquistar o tri da Libertadores. O gol de ontem é o terceiro que ele marca contra o Fluminense.
O Flamengo conta ainda no elenco com outro jogador de destaque formado na base tricolor, o volante Gérson, que passou pelo mesmo processo de Ayrton Lucas e Pedro.
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