Abaixo a ditadura

03/04/2015, 13:22

A melhor coletiva da carreira de Vanderlei Luxemburgo. Treinador é enfático e diz: "Não vão me calar"

Por Igor Pedrazzi - Para o MRN Informação

Após ter a sua suspensão para o clássico de domingo mantida, o técnico Vanderlei Luxemburgo falou com os jornalistas no CT George Helal na manhã dessa sexta. Sem direito a perguntas , os presentes na sala de imprensa puderam acompanhar um importante discurso, que pode marcar o início de uma nova era no futebol carioca. O Flamengo está definitivamente sem vínculo com a FERJ, e vai ser um passo muito difícil. Mas pode ser a única solução pro futebol do Rio de Janeiro.

Acompanhe o pronunciamento abaixo:

- Conto com a colaboração de vocês para não ter perguntas, respeitando o meu momento. É só um pronunciamento em função das coisas que estão acontecendo. Acho importante meu posicionamento como cidadão e como profissional. Não é a primeira vez que fico fora de um jogo suspenso. Já aconteceu outras vezes e fui campeão, ganhei. Não vejo como problema para equipe, não vai existir algum tipo de prejuízo. Temos um processo trabalhado com o Deivid. É um situação do futebol, até por expulsão. Os jogadores sabem das nossas propostas. Já aconteceu uma situação em Macaé, onde o Paulo Victor não pôde atuar e tínhamos decisões. Por decisão minha, conversando com a presidência, se não posso estar no vestiário, não estarei no Maracanã, não vou ao jogo.

Abaixo a ditadura. (Foto: Gilvan de Souza-Flamengo)

 

Me senti prejudicado e não tem motivo para estar em um local onde não exercerei meu direito de trabalho. Vou ver o jogo como torcedor. Agora, como cidadão, em um momento importante do Brasil, onde estivemos recentemente uma eleição para presidente da República com debates ferrenhos, acusações, ideias, movimentos ruins de violência, onde confundiram processo democrático com violência e a população não aceitou. Em seguida, tivemos movimentos democráticos a favor e contra o governo. O direito do povo brasileiro foi conquistado através de lutas para quebramos a ditadura, direito de se expressar sem repressão. Não pode, em 2015, em um órgão importante do Rio de Janeiro, voltarmos a viver um momento de ditadura. Começamos lá atrás com a queda de um presidente e está na constituição o direito de liberdade de ir e vir, que não pode ser quebrado. Me senti violentado e agredido como cidadão. Já fiz muitas coisa que mereci ser punido. O que fiz foi buscar o melhor para o povo brasileiro.

Em um momento onde tomamos uma derrota de 7 a 0 (7 a 1), busquei um caminho. Não me posicionei contra nenhum dirigente, mas contra qualquer federação que impeça jovens de jogar futebol. Quando usei o termo porrada, não era dar porrada na mão, foi um termo que usamos constantemente, vejo constantemente ser usado na televisão. Não foi tentativa de mandar agredir ninguém. Não podemos buscar através do futebol a moralidade de um segmento que não tem moral. Como cidadão brasileiro, venho repudiar. Vou continuar sendo da forma que sempre fui e vou seguir criticando o que achar que deve ser criticado. Nunca fui de ficar atrás de nada. Vou continuar buscando viver em um país melhor e que minhas filhas e meus netos encontrem um processo democrático ainda melhor. Não vão me calar de jeito nenhum. Se quiserem me tirar do Carioca, que me tirem. Só vou me posicionar quando tiver o meu direito de liberdade.

Nós do Mundo Rubro Negro, amantes do jornalismo e da liberdade de expressão, repudiamos veementemente esta postura ditatorial e centralizadora da FERJ, e declaramos apoio irrestrito ao nosso treinador. #SomosTodosLuxa.

@MRN_CRF


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