A vitória de um time - e de um clube - que finalmente encontrou o seu patamar
E com a vitória de hoje, sobre o Corinthians, por 1×0 no Maracanã, o Flamengo garantiu a classificação para a sua terceira semifinal de Libertadores em 4 anos, após ter alcançado apenas uma semifinal de Libertadores antes disso em toda a sua história.
Também hoje, com essa mesma vitória por 1×0, Dorival Júnior colocou entre os 4 melhores do continente um time que, até dois ou três meses atrás, peregrinava logo acima da zona de rebaixamento do Brasileirão e penava para se classificar contra times da Série C na Copa do Brasil, enquanto hoje é um dos únicos dois times brasileiros ainda em condições de brigar pela tríplice coroa nesta temporada.
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Tudo isso são sintomas primeiro de um clube que, após anos de gestões que variavam entre o temerário e o bizarro, e de um sucateamento que fazia com que a agremiação de maior torcida do continente não tivesse dinheiro para pagar as contas de telefone, recentemente entendeu sua própria dimensão e começou a arrecadar como o gigante que é e montar times capazes de refletir, dentro de campo, a grandeza que representa fora dele.
E também, no caso específico da vitória de hoje, um reflexo das mudanças que Dorival Júnior realizou no Flamengo, tanto no aspecto tático quanto psicológico. Um homem que pode ser estigmatizado por fazer “o simples”, mas que, como qualquer pessoa que já passou pelo constrangimento de tentar fazer algo “simples” e não conseguir bem sabe, tem todo o mérito de encontrar soluções numa simplicidade que aparentemente vários especialistas em fazer o “complicado” não alcançaram.
Então essa classificação de hoje, que pode não ter sido um show de bola ou uma apresentação histórica, mas mostrou um Flamengo maduro, seguro e capaz de jogar atuar com a plena consciência de que, se a obrigação da vitória era do adversário, ele poderia apenas esperar pela melhor oportunidade de decidir, serve como sintoma do salto de patamar de um clube que finalmente vem entendendo sua grandeza, e como mais uma prova de que um time, que no papel tem qualidade para brigar por tudo, finalmente vem deixando isso em claro na prática também.
Mas ela claramente é só um passo. Da mesma maneira que mais uma semifinal faz estatística mas só uma taça faz história, o Flamengo ainda tem um longo caminho pela frente se quiser provar que tanto esse clube quanto esse time finalmente entenderam a prateleira do futebol brasileiro onde precisam ficar. Por hoje, o rubro-negro dorme com o conforto de saber que sua equipe parece ter realmente se encontrado e que, se algum paulista veio ao Rio de Janeiro esperando um milagre, descobriu, da maneira mais contundente possível, que o Cristo não fica no Corcovado ao invés de, sei lá, em Moema, por nada.