A torcida do Piauí merecia mais, mas o Flamengo quis fazer apenas o mínimo

01/05/2022, 21:15
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Todo o cenário era de festa. Um estádio lotado, uma torcida apaixonada, um adversário na zona de rebaixamento da Série C, que havia se tornado visitante dentro da própria casa após o show da torcida rubro-negra no Piauí.

Mas se o torcedor que lotou o Albertão em Teresina para assistir Altos x Flamengo esperava que o clima festivo contagiasse a equipe carioca para uma emocionante goleada, o que aconteceu foi exatamente o contrário, já que o ar de comemoração parece ter convencido Paulo Sousa e seus comandados de que a partida de ida da terceira fase da Copa do Brasil era na verdade um daqueles amistosos de fim de ano em que os amigos do Eri Johnson encaram os primos do César Menotti e Fabiano, ou algo assim.

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Primeiro pela escalação de Paulo Sousa, que tal qual aquela sua amiga que ainda acredita no ex que roubou o aparelho de som do pai dela, segue dando chances para pessoas que obviamente não merecem. Rodinei titular? Léo Pereira no trio inicial? Diego Ribas como único armador? Somando a isso a decisão de colocar dois garotos da base juntos e desentrosados como dupla de volantes e você tem um Flamengo que já começou a partida com toda intenção de transformar aquela festa num velório.

Imagina ter a autoestima do Léo Pereira pedindo pra cobrar falta
Foto: Gilvan De Souza / Flamengo

Adicionando a isso uma visível falta de vontade, como se os jogadores que foram à campo estivessem se poupando mais do que aqueles que ficaram no Rio de Janeiro, e você tem a receita para um primeiro tempo totalmente desprovido de emoções, em que as coisas mais interessantes foram o mascote do Altos, a corridinha do massagista do Altos, o técnico do Altos em dado momento se retirando do campo e indo até as arquibancadas.

E sinceramente, se você saiu de casa pra ver um dos times de maior investimento do continente e a coisa mais legal que aconteceu foi um cidadão fantasiado de jacaré, alguma coisa está bem errada.

Pedro fazendo seu gol e tendo que explicar pro juiz se fica ou não no Flamengo
Foto: Gilvan De Souza / Flamengo

E tudo continuou assim até os 16 minutos do segundo tempo, quando Bruno Henrique decidiu que estava na hora de alegrar o torcedor do Piauí. Primeiro “roubando” de cabeça uma bola que ficaria segura nas mãos de Santos e deixando na feição para que o atacante Manoel, do Altos, abrisse o placar com um lindo gol de bicicleta. E logo depois, aos 20, roubando a bola na defesa adversária e dando o passe na feição para que Pedro empatasse a partida. O torcedor queria emoção, BH foi lá e deu emoção, para as duas torcidas.

Mas a chama de Bruno Henrique acendeu- ao menos um pouco – a equipe rubro-negra, que passou a criar mais oportunidades e virou a partida aos 32, após a linda cobrança de falta de David Luiz e a bem menos linda confusão dentro da área que resultou em João Gomes empurrando a bola para dentro, garantindo a vitória rubro-negra e garantindo um pouco de alegria para um torcedor que já havia tido que testemunhar cenas hediondas que foram desde Léo Pereira cobrando falta até Rodinei cruzando a bola de uma lateral para que ela saísse na outra.

BH sempre um exemplo de ser humano de pessoa
Foto: Gilvan De Souza / Flamengo

No fim, o que poderia ser uma festa incrível, com uma torcida eufórica, acabou sendo uma apresentação de marcha lenta de uma equipe visivelmente desinteressada, desorganizada e que tinha a intensidade de um adolescente obrigado pela mãe a ir até a sala cumprimentar os parentes. Os rubro-negros do Piauí mereciam mais, o time tinha a obrigação de apresentar mais, Paulo Sousa tem a responsabilidade de tirar mais desse grupo. O Flamengo de 2022 pode sim ser uma festa, mas partidas como a de hoje não deixam muita coisa pra comemorar.


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