Buscar o equilíbrio financeiro entre estádio cheio e arrecadação alta é difícil, mas isso se torna praticamente impossível quando a margem de lucro é de 13%.
Por Thauan Rocha – Twitter: @thauan_R
Sempre que sai um novo borderô de um jogo no Maracanã se inicia um debate sobre quão caro é mandar jogos lá, pensando nisso resolvi estudar os lucros de cada equipe no Brasileirão. Também vamos ver aqui os resultados por estádio.
Inicialmente precisamos entender que, em alguns casos, há diferença entre renda do clube e da partida. No primeiro caso consideramos o que o clube levará, já na segunda é a soma do que o clube e o que a administradora do estádio levarão. No caso do Flamengo, o lucro da administradora do Maracanã provém de um aluguel, por isso entra como despesa e não há separação de lucro ao fim do borderô.
É bom relembrar os problemas de borderôs criativos, como o do América-MG que informa R$10 de arrecadação por sócio, apesar de não ocorrer na realidade. Esquecendo esses problemas, seguiremos com a análise.
Uma forma de medir o desempenho do Brasileirão é saber quantos jogos foram deficitários, e o resultado é horrível. Na edição de 2018 foram 94 jogos (24,7%) com resultado negativo! Não dá para o principal campeonato nacional ter tantos jogos negativados, seja por problemas de gestão ou por estádios caros feitos para a Copa do Mundo sem considerar a realidade dos clubes que usariam o espaço após o evento. O que minimiza esse problema é que 63 desses jogos estão concentrados em: América-MG (18); Botafogo (18); Fluminense (17); e Vasco (11). Outros 8 clubes aparecem com até 7 jogos deficitários. Cabe aos clubes cariocas fazerem uma reflexão e ver as alternativas para torná-los lucrativos.
Indo agora aos lucros líquidos médios, temos na tabela abaixo os resultados por partida, independente de quanto o clube levou.
Podemos ver que os clubes que mais arrecadam obtêm grandes lucros, com exceção do Flamengo. Quem mais arrecadou em 2018 foram, respectivamente, Palmeiras, Corinthians, Flamengo e São Paulo, porém essa realidade muda ao ver os lucros. Quem mais lucrou foram Palmeiras, São Paulo, Corinthians e Grêmio. O rubro-negro sai de 68% da arrecadação do Palmeiras para apenas 14% do lucro do alviverde. A diferença é abissal e pode criar uma vantagem esportiva muito grande.
Olhando quem está em pior situação, o América-MG ocupa mais uma lanterna em arrecadação, mas perde o posto de maior prejuízo para o Botafogo.
Se levarmos em conta quem faz mais com o que arrecada, ou seja, lucro sobre arrecadação, temos os líderes: Grêmio (80,4%); Atlético-MG (73,1%); e São Paulo (71,4%). Cabe aqui destacar a queda vertiginosa do Flamengo, que passa para a 17ª posição, com 13,4% de lucro. O último colocado é o Botafogo (-100,2%), ou seja, o clube possui despesas duas vezes maiores do que arrecadou.
Em números absolutos de despesas, o clube que mais gasta é o Flamengo (R$1.156.014), sendo 1,6 vezes maior que o segundo colocado Palmeiras (R$797.109). O fato de ter despesas altas não quer dizer que seja algo ruim, nesse quesito podemos ver dois dos clubes que mais arrecadam, mas também vemos opostos entre conversão da arrecadação em lucro.
Como houveram jogos do Vasco e Paraná que distorceram seus dados, abaixo resolvi colocar os dados dos dois clubes desconsiderando os confrontos do cruzmaltino em Brasília e o confronto do Paraná contra o Palmeiras. Desta forma temos os seguintes resultados:
Como poucos clubes diferenciam a própria renda e a do jogo em si, separei os mesmos para análise separada.
Tabela 3: Arrecadação e lucro do clube no Brasileirão 2018. Crédito: Thauan Rocha / MRN.
Aqui podemos ver que o Fluminense é quem perde mais, em valores totais, quando a visão é fechada no clube. Essa diferença significa que o clube ainda precisou desembolsar o valor para pagar à administradora do estádio.
Estádio
Voltando para os números de jogos negativos, os que tiveram mais partidas deficitárias foram: Engenhão (20 jogos – 95,2%); Maracanã (19 jogos – 52,8%); Independência (18 jogos – 47,4%); e São Januário (10 jogos – 62,5%). Pelos resultados anteriores já era esperado que os estádios cariocas ganhassem esse destaque negativo.
Desconsiderando os estádios com poucos jogos, temos que os maiores lucros estão em São Paulo: Allianz Arena; Morumbi; e Arena Corinthians. Se levarmos em conta a porcentagem de lucro, a trinca muda para: Arena do Grêmio; Morumbi; e Arena Condá. Os três estádios cariocas ocupam as três últimas posições. Mesmo com os jogos do Flamengo, o resultado geral do estádio é ter um déficit de R$1.068/jogo.Em números absolutos de despesas, o Maracanã assume a ponta, sendo seguido por Allianz Arena e Arena Corinthians. Barradão é o estádio mais barato.
Ao fim de tudo a conclusão mais clara é que há um problema sério com o futebol carioca, estádios e clubes, apesar do Flamengo puxar os resultados para cima.
E é notório que o Maracanã é uma âncora que trava o desempenho financeiro do Flamengo.
[box type="bio"] Thauan Rocha, 23, é estudante de engenharia química, alagoano e gosta de analisar números para entender o Flamengo e o futebol brasileiro. [/box]
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