A luta para assistir a partida teve mais emoção que o 0x0 do Flamengo
Dentro de campo é preciso admitir que não tivemos muita emoção. Uma cabeçada mais ou menos perigosa aqui, um chute confuso ali, um contra-ataque que morreu antes mesmo de começar acolá. Os goleiros não foram tão exigidos, os meio-campistas não foram tão participativos, os laterais, se estavam apoiando, era mais no sentido psicológico, incentivando o ataque a acreditar em si mesmo e buscar seus sonhos.
A jogada mais emocionante da partida foi um possível pênalti contra o Volta Redonda, ainda no primeiro tempo, que não sabemos se deveria ter sido marcado ou não porque a regra da mão na bola muda toda semana e no Campeonato Carioca só temos VAR em partidas cujos capitães de ambos os times tem o mesmo signo.
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Mas se com a bola rolando o confronto entre os garotos do Flamengo e a bem mais experiente equipe do Volta Redonda terminou em um 0x0 menos emocionante que a Ilze Scamparini fazendo um ASMR da lista telefônica, é inegável que não faltou emoção na tarde dos torcedores rubro-negros que se dispuseram a pagar mais de 100 reais para acompanhar um time sub-21 enfrentando um time de Série C pela segunda rodada de um campeonato estadual.
Desde os quase vinte minutos em que a FlaTv+ apenas saiu do ar, talvez numa tentativa paternalista de poupar o torcedor do verdadeiro deserto de ideias que havia se tornado a partida, até as cerca de 30 vezes em que o narrador Emershow pediu desculpas pela queda de sinal da transmissão e avisou que as imagens eram geradas pela empresa SportView enquanto o ex-volante Leandro Ávila olhava constrangido para o lado, o que se viu foi um show de horrores de transmissão, em que, dos 90 e poucos minutos de bola rolando, o torcedor médio deve ter conseguido assistir, se muito entre 50 e 60.
Mas se dentro de campo faltou repertório de jogadas, criatividade na armação e ousadia nos ataques, não se pode dizer o mesmo das falhas de transmissão. Afinal, fora os momentos em que apenas era impossível acessar a FlaTv+ ou ficávamos olhando a expressão confusa da equipe rubro-negra de transmissão, tivemos emocionantes minutos de tela verde, incríveis lampejos de tela preta – um deles durante uma jogada especialmente perigosa do Voltaço – e até mesmo uma janela de 10 minutos em que a FlaTV garantia que iria entrar, ao vivo, com a final do Carioca de 2021 entre Flamengo e Fluminense, sem contar os minutos finais da partida em que a empresa geradora de imagens gerava imagens avisando que não estava conseguindo gerar imagens.
Então se dentro de campo o Flamengo ainda tem muito a evoluir, o que é compreensível por se tratar de um time tão jovem e que teve tão pouco tempo para se entrosar, fica evidente que fora de campo Flamengo e FERJ também tem um longo caminho pela frente em termos de organização e qualidade de transmissão, ainda que seja bem mais fácil ter paciência com o Matheusão, um promissor jogador de 17 anos, do que com um serviço de transmissão que está disposto a receber seu dinheiro mas não parece capaz de garantir que você vá conseguir assistir a partida.
Resta então torcer pra que no jogo da próxima quarta-feira, contra o Boavista, não apenas o Flamengo consiga se apresentar melhor como também que a FlaTV permita que o torcedor veja essa apresentação. Sei que pode nem me fazer bem, mas se eu paguei eu quero assistir.