Apesar da sua deficiência, o baiano não deixou de sofrer e se extasiar com a conquista da Libertadores 2019
Praia de Guarajuba, litoral norte da Bahia
Estava muito ansioso para a grande final do dia seguinte contra o River Plate. Só falava no jogo a ponto de minha mãe reclamar:” Filho, muda o disco!!! Só fala nesse jogo, menino!!!”.
No final da tarde, o vizinho me chamou para tomar uma cerveja na casa dele. Quando cheguei lá, o hino do Mengão tocava a toda altura, e olha que o senhor nem flamenguista é. Tomei uma cerveja ouvindo a música Fio Maravilha e conversando sobre as perspectivas do jogo.
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Mas logo voltei pra casa, pois queria ouvir a entrevista coletiva do treinador mais importante da história do Flamengo: o GRANDE Jorge Jesus, vulgo Mister. Depois comi algo e voltei para o quarto para acompanhar os programas esportivos. Fui TENTAR dormir por volta de 00h30.
Chegou o grande dia
Já acordo com um amigo irmão vascaíno com o secador ligado, dizendo que o Fla ia perder. Tomei um banho e vesti o Manto. Era dia de festa, aniversário de minha mãe sendo organizada e eu totalmente por fora de tudo. Só pensava no jogo. A festa começou 16 horas e eu contando os demorados 60 minutos que faltavam para o jogo mais importante da minha vida. 16:50 subi para o quarto cantando o tradicional Vamos Flamengo, vamos ser campeão, vamos Flamengo!
Bola rolando em Lima! Mengo começa bem, mas o River logo equilibra o jogo. Aos 14 minutos do primeiro tempo, o gol do milionário. Tensão no ar. Meu amigo vascaíno sobe pulando e gritando, mas eu o recebo aos gritos de: “Oooh, vamos viraaar Meeengoooo!”.
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Jogo vai passando, Flamengo perdido em campo e eu preocupado e a cada instante mais nervoso. Intervalo. Desci para falar com o resto dos convidados e todos perceberam meu tom preocupado. Eu dizia: “Vamos virar, eu tô tranquilo. Nosso time é melhor. Voltei para o quarto para acompanhar o segundo tempo.
O Mais Querido volta bem, Gabigol perde um gol feito, e a tensão só aumenta. 35 do segundo tempo, já estava bem desanimado, mas nunca sem esperança. Mãos suadas mas… 43 do segundo tempo, bolão do Arraxca para o Gabigol: “Gooooooool”, eu gritava, pulava, me arrepiava e chorava!!! 46, Gabigol de novo!!! Gooool do bicampeão da América!
Desci as escadas em desabalada carreira, parecendo um louco gritando e com os braços para cima. Emoção indescritível. Abracei minha mãe chorando com a certeza de ter tido a maior emoção da minha vida quando se trata de Flamengo. Termino esse texto com uma frase que sempre falo: para ser Flamengo não precisa enxergar, basta sentir.
Sou Marcelo Moita, jornalista, 23 anos, deficiente visual e um rubro-negro apaixonado.