Qual o significado de ter sucesso? Simplesmente ser campeão? Revelar jogadores? Manter-se por um longo período no topo? Não há uma resposta definitiva. Pergunte a seleção de futebol do Taiti e eles lhe responderão que a classificação para a Copa das Confederações, mesmo apanhando de dez, bastou. Para o tenista Thomaz Belluci ser o Trigésimo do ranking mundial é suficiente.
Existem casos e casos. César Cielo pode ser considerado um fracassado por não ter vencido os 50 metros livres em Londres? Creio que não. Afinal, só dois atletas que também treinaram muito para alcançar o mesmo objetivo o suplantaram.
O mundo do esporte é muito peculiar. E bastante cruel. Não é sua nem minha culpa. O problema é cultural. Ou ganhamos ou somos os piores do mundo. O lado torcedor sempre fala mais alto. Um caso emblemático foi o basquete do Flamengo no Final Four da Liga das Américas. Fomos quarto colocados. Perdemos os dois últimos jogos. Lhes pergunto. E daí? Isso não apaga as conquistas. Os anos que estamos firmes brigando por títulos. Definitivamente, não. Ninguém tem obrigação de ganhar sempre. Só na cabeça limitada do torcedor é assim. Falta pensar. Falta muito. Falta tudo. Faz falta o bom senso.
Às vezes, demoramos demais para valorizar o que realmente temos de bom. Ou de ótimo. Só os livros de história, anos mais tarde, corrigem nossa injustiça. A sabedoria da idade nos traz discernimento para entender no futuro o que desprezamos no presente.
Deixemos de ser chatos e arrogantes. Valorizemos os que nos proporcionaram alegrias a cada gol. A cada raquetada. A cada cesta. A cada braçada. Não se pode vencer sempre. Seria até chato se assim fosse. Derrotas fazem parte da vida e do esporte. Legados vivem para sempre.
Por isso, faço o apelo: aproveitem mais seus ídolos e equipes. Mesmo nas eventuais derrotas.
Até nas mais doídas.
Uma equipe ou atleta vencedor também se constrói nos reveses. Essa é a magia do esporte. Sua chama fundamental. Não deixem que ela se apague. Ou irão se arrepender mais a frente.