6 episódios que expõem o desgaste entre o elenco do Flamengo e o Departamento Médico

O estafe de De La Cruz reagiu com indignação após o vazamento de mensagens de José Luiz Runco. O episódio, que envolveu um diagnóstico clínico sensível e críticas à contratação do uruguaio, trouxe à tona uma crise que já vinha se formando nos bastidores do Flamengo. Desde a posse do presidente Luiz Eduardo Baptista, diversos episódios relacionados ao Departamento Médico causaram desconforto entre jogadores, comissão técnica e até dirigentes.
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Demissões em massa, recontratações às pressas, decisões médicas questionadas e conflitos com seleções estrangeiras compõem um cenário de instabilidade que afeta diretamente a confiança dos atletas na estrutura de saúde do clube. A seguir, o MundoBola Flamengo relembra seis acontecimentos que ajudam a explicar o desgaste entre o elenco e o Departamento Médico rubro-negro.

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Vazamento de Runco sobre De La Cruz
O caso mais recente foi o desta terça-feira (22). José Luiz Runco, diretor médico do Flamengo, afirmou que o jogador é portador de uma lesão crônica e irreversível em um dos joelhos. Runco afirma ainda que o uruguaio não seria contratado por nenhum clube para disputar competições de alto nível.
A fala causou revolta no estafe do atleta, que anunciou medidas legais e cobrou um posicionamento oficial do Flamengo.
A situação se agravou porque, segundo os representantes de De La Cruz, o jogador estava apto fisicamente e só foi poupado por decisão técnica. O próprio atleta se manifestou com uma postagem enigmática nas redes sociais, sugerindo insatisfação.
O caso da futmesa e rumores de atrito entre Boto e Runco
Ainda nos primeiros dias do ano, surgiram rumores de que José Luiz Runco teria mandado retirar uma mesa de futmesa usada pelos jogadores no CT. O objeto é tradicionalmente utilizado para aquecimento e descontração. A informação era de que José Boto, diretor técnico, teria se posicionado contra a medida. O Flamengo negou o episódio e afirmou que não houve atrito entre os dirigentes.
Mesmo sem confirmação oficial, a repercussão do caso indicou como pequenas mudanças no ambiente geram ruídos. O episódio virou símbolo de uma transição conturbada. A sensação de interferência na rotina dos atletas se somou a outras decisões administrativas, como demissões em massa, aumentando a distância entre elenco e estrutura médica.
Pulgar preferiu operar no Chile
Diagnosticado com uma fratura no quinto metatarso do pé direito, Erick Pulgar escolheu realizar a cirurgia no Chile com um médico de sua confiança. A decisão foi autorizada pelo clube, mas causou estranhamento. O Flamengo conta com Fernando Sassaki, ortopedista e chefe do Departamento Médico. A opção do jogador por um atendimento externo foi interpretada por muitos como um sinal claro de desconfiança.
A escolha evidencia que, mesmo com uma estrutura de alto nível do Rubro-Negro, alguns atletas parecem não se sentirem plenamente seguros com o atendimento. Pulgar retorna ao Brasil nesta quinta (24) para seguir o tratamento.
Seleção do Equador levou Plata mesmo lesionado
Em outro episódio delicado, Gonzalo Plata foi convocado pela Seleção do Equador mesmo estando lesionado. Sem o consentimento do Flamengo, médicos da federação visitaram o jogador em casa e realizaram um procedimento no joelho. O clube reagiu com uma nota oficial, criticando duramente a atitude da federação por interferir em um processo de recuperação estabelecido internamente.
Apesar de uma tentativa posterior de conciliação entre os departamentos médicos das duas instituições, o episódio gerou desconforto. O Flamengo alegou ter sido ignorado, enquanto a federação equatoriana garantiu ter mantido diálogo constante com o clube. No fim, Plata voltou ao Rio para retomar o tratamento.
Fisioterapeuta demitido e recontratado após pressão
Durante a reestruturação promovida pela nova gestão, o Flamengo desligou dezenas de profissionais de diferentes áreas. Dois nomes, porém, acabaram voltando aos seus cargos dias depois. O fisioterapeuta Lanyian Neves e o nutricionista Paulo Cavalcanti foram recontratados após pressão da comissão técnica e reclamações de jogadores.
Ambos eram profissionais de confiança do elenco e suas ausências foram sentidas logo na reapresentação do grupo. Filipe Luís participou das conversas para rever as decisões e foi ouvido pela direção. As recontratações ocorreram antes mesmo do envio dos documentos formais de desligamento. Essa reversão repentina reforçou a ideia de que faltou planejamento nas mudanças do DM.
Onda de demissões e ruptura com a base
Uma das primeiras medidas da nova gestão foi a demissão em massa no Departamento Médico. Treze profissionais foram desligados e toda a equipe médica das categorias de base foi substituída, com exceção de Fernando Sassaki. O movimento foi justificado por Bap como uma mudança de filosofia e de práticas, que precisava acontecer de forma rápida e profunda.
Embora o discurso oficial tenha sido de modernização, o impacto interno foi de ruptura. Muitos profissionais tinham longa trajetória no clube e relacionamento direto com atletas e comissões. A forma como as demissões aconteceram, sem transição nem diálogo aberto, contribuiu para o clima de insegurança. A descontinuidade no trabalho e o afastamento de pessoas experientes afetaram o funcionamento diário do futebol.