5 perguntas para os candidatos a presidente do Flamengo: Futebol Feminino
O Mundo Rubro Negro abre a série “5 perguntas para os candidatos a presidente do Flamengo” querendo saber quais são os planos de Luiz Eduardo Baptista (Bap), Maurício Gomes de Mattos, Pedro Paulo, Rodrigo Dunshee e Wallim Vasconcelos planejam para o Futebol Feminino do Flamengo.
As questões foram formuladas por Marion Kaplan, que assina a coluna “Diversidade e Inclusão” aqui no MRN. As mesmas perguntas foram feitas para todos os candidatos. O prazo de entrega também foi o mesmo para todos: até esta quarta-feira (14).
Por último, é importante salientar que, apesar das campanhas estarem rodando a todo vapor, todos são ainda pré-candidatos. A oficialização de chapas só pode fer feita em setembro.
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1. Qual a sua opinião sobre o futebol feminino?
Luiz Eduardo Baptista: O futebol feminino é uma realidade e vem crescendo com o passar do tempo. O interesse pelo feminino no Brasil cresceu 34% nos últimos 5 anos e as marcas passaram a enxergar oportunidades na modalidade.
Nos países em que o futebol masculino é muito forte, como no Brasil, a luta do feminino é mais árdua porque a comparação, embora injusta, é mais frequente. É preciso avaliar o universo do feminino em sua totalidade para estabelecer planos e políticas para seu desenvolvimento.
O Flamengo é uma potência esportiva e estão aí os Jogos Olímpicos para mostrar, o clube conquistou 6 das 20 medalhas ganhas pelo Brasil. Qualquer que seja a modalidade esportiva, será tratada com toda a seriedade e atenção que merece, e o futebol feminino não é uma exceção. Mais adiante vamos falar aos rubro-negros sobre nosso projeto que, com toda a certeza, incluirá o futebol feminino.
Maurício Gomes de Mattos: O futebol feminino tem um papel fundamental para ser um dos embaixadores da Nação, pois é uma modalidade em franco crescimento, como comprovam dados da Fifa, da Conmebol e da CBF. O incremento dos investimentos e patrocínios na modalidade também confirmam tal importância. Além do destaque que vem tendo, sendo esporte olímpico e medalha de prata em Paris 2024, o futebol feminino deve ser entendido, cada vez mais, como um produto rentável e com suas particularidades, como qualquer outro. A experiência dentro e fora do país mostra que a profissionalização do futebol feminino não passa somente pelo tratamento dado às atletas, comissões técnicas, departamentos de marketing, rouparia e categorias de base, por exemplo. Mas a observação dos casos de sucesso evidencia que, além da profissionalização, o avanço da modalidade demanda também um aumento da participação das mulheres nos cargos de gestão e decisão, por exemplo.
Pedro Paulo: Sou muito fã. Como presidente vou dar atenção especial a esse tema.
Rodrigo Dunshee: O crescimento tem sido exponencial. Acredito muito no potencial da modalidade.
Nos últimos anos, o futebol feminino brasileiro passou por uma significativa evolução. No aspecto técnico, houve uma crescente profissionalização, com treinadores mais qualificados e a implementação de metodologias avançadas de treinamento, o que resultou em equipes mais competitivas e equilibradas. Taticamente, as jogadoras brasileiras têm se adaptado a estilos de jogos mais modernos, com maior ênfase na organização defensiva, posse de bola e variações estratégicas, refletindo as tendências globais do esporte.
Comercialmente, o futebol feminino ganhou visibilidade e investimento, com clubes e marcas reconhecendo o potencial do mercado. A criação de campeonatos mais estruturados, como o Brasileirão Feminino, e a transmissão de jogos em canais abertos e plataformas de streaming ampliaram a exposição das atletas e atraíram novos patrocinadores.
Socialmente, o futebol feminino tem desempenhado um papel crucial na promoção da igualdade de gênero e no empoderamento das mulheres. Iniciativas de base e projetos sociais têm incentivado a participação de meninas no esporte, desafiando estereótipos e criando uma geração de grandes talentos.
Essa transformação reflete um movimento mais amplo de reconhecimento e valorização das mulheres no esporte e na sociedade. E aqui no Flamengo não é diferente. Ao longo desses 6 anos da nossa gestão aumentamos muito os investimentos no Futebol Feminino. E vamos continuar nessa crescente.
Wallim Vasconcellos: O futebol feminino é uma atividade esportiva em crescimento no mundo todo e merece e necessita de mais visibilidade e apoio no Brasil. Vejo um enorme potencial no futebol feminino, tanto em termos de qualidade técnica, quanto de impacto social. Acredito que, com o apoio maciço das federações, dos clubes, dos governos e da sociedade em geral, o futebol feminino pode alcançar níveis de excelência comparáveis aos atualmente vistos na Europa e nos USA, aonde temos visto recordes de público nos estádios e de audiências nas telas.
Os resultados nos Jogos Olímpicos de Paris demonstram o potencial da categoria feminina no Brasil. Entendo, também, que a criação de uma Liga Brasileira de Futebol Feminino, independente, teria um papel impulsionador no desenvolvimento do esporte.
Atualmente, ao contrário de outros países, vemos estádios vazios, gramados e instalações precárias, calendário desconhecido, pouca divulgação, dentre outros problemas. Uma liga bem formatada atrairia parceiros e recursos de diversas fontes e faria com que as melhorias necessárias fossem implementadas, inclusive mais investimentos nas divisões de base. Tenho certeza de que este é o caminho para o crescimento do futebol feminino no país.
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2. Quais melhorias você planeja para o futebol feminino no Flamengo?
Luiz Eduardo Baptista: A Copa de 2027 será realizada no Brasil, então vejo um cenário promissor para o feminino, que vai buscar uma maior profissionalização para seguir nesta curva de crescimento. É um ciclo evolutivo: mais profissionalização traz mais organização, que atrai mais investimento, que reforça a estrutura, que gera mais patrocínio.
Maurício Gomes de Mattos: Inicialmente precisamos pensar o futebol feminino no Flamengo como um produto nosso. A parceria com a Marinha teve um papel importante no desenvolvimento da modalidade, mas é importante que um clube do tamanho do Flamengo assuma na íntegra o futebol feminino conferindo o protagonismo que ele merece. Essa independência financeira é uma realidade para diversos clubes no país e estratégica para viabilizar uma modalidade forte.
Por isso precisamos ter um departamento completo dedicado ao futebol feminino, capaz de entender as particularidades da modalidade, ferramentas e estratégias para o Flamengo assumir o protagonismo que lhe cabe, inclusive seu papel social e de clube formador.
Na parte de infraestrutura, o futebol feminino poderia utilizar o Estádio José Bastos Padilha para jogos e treinos de forma mais assídua, com o clube reformando a estrutura de vestiários, academia e arquibancada, o que é uma ação conjunta com o Fla-Gávea. O Maracanã e, futuramente, o estádio próprio podem receber os jogos mais importantes e de maior público.
Pedro Paulo: Adaptar a Gávea para tal. O Estádio Bastos Padilha vai ser o QG do Futebol Feminino. Tudo vai ocorrer na Gávea, das escolinhas ao profissional.
Rodrigo Dunshee: Hoje, o Flamengo já é um dos maiores investidores do País na modalidade. Nos últimos 6 anos transformamos a modalidade desde que assumimos a gestão, com investimentos em estrutura, comissão técnica, atletas e parcerias de sucesso tanto na área comercial com patrocinadores, quanto na área social onde desenvolvemos e apoiamos projetos sociais para o fomento da modalidade.
Conquistamos vários títulos no Profissional e na Base, mas sempre queremos mais. Vamos trabalhar para buscar sempre o topo! Temos o grande objetivo de conquistar a Libertadores e vamos trabalhar muito para trazer esse título para o clube.
Wallim Vasconcellos: Na verdade, pouco se conhece sobre a estrutura que serve o futebol feminino do Flamengo, apenas que treinam no Cefan através de um convênio com Marinha do Brasil. Mas imagino que as meninas tenham todo o equipamento necessário para desenvolver os seus treinamentos.
Então, em primeiro lugar, precisamos conhecer quais são os termos do acordo do Flamengo com a Marinha para podermos propor melhorias que se façam necessárias. Pode ser nos equipamentos, na comissão técnica e nos apoios educacional, psicológico e médico, dentre outros.
Outra proposta é a criação de uma equipe no departamento de marketing dedicada exclusivamente ao futebol feminino para buscar recursos através de parcerias e patrocínios.
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3. Como planeja atuar no futebol feminino de base do CRF?
Luiz Eduardo Baptista: Nos países em que o futebol masculino é muito forte, como no Brasil, a luta do feminino é mais árdua porque a comparação, embora injusta, é mais frequente. É preciso avaliar o universo do feminino em sua totalidade para estabelecer planos e políticas para seu desenvolvimento.
Maurício Gomes de Mattos: O futebol feminino de base deve mapear os projetos sociais espalhados pelo Brasil. Segundo dados recentes do Ministério dos Esportes, são 106 no total, o que significa quase 16 mil pessoas beneficiadas. O Flamengo deve buscar parcerias e também apoiar esses projetos, o que não significa abrir mão de um incremento e investimento nas categorias de base próprias, formando craques também no futebol feminino.
Quando falamos das categorias de base, temos que investir em equipes dedicadas, profissionais qualificados e atualizados, participação de mulheres nos quadros técnicos e de tomada de decisão.
Também é importante estabelecermos pontes com a FERJ, com rivais locais, prefeituras e clubes de futsal onde, segundo dados do Ministérios dos Esportes, está grande parte do que futuramente vai compor os quadros profissionais do futebol feminino.
Pedro Paulo: Como falei antes: Gávea. Tudo será feito de forma aberta e transparente. Podemos até manter o convênio com a Marinha, mas o núcleo de trabalho vai ser na Gávea.
Rodrigo Dunshee: O Flamengo tem um lema: “Craque o Flamengo faz em casa”. Desde que montamos nossa primeira equipe de base em 2019, já participamos de diversas competições estaduais e nacionais, conquistamos títulos como a primeira edição da Copinha sub20 feminino ano passado e já tivemos mais de 20 atletas convocadas para diversas categorias da seleção brasileira. Algumas delas conquistando títulos pela seleção. Vamos trabalhar para conscientizar a CBF que temos que valorizar cada vez mais o calendário do futebol feminino. Precisamos que os calendários nacionais e regionais tenham maior apoio e incentivos.
Hoje, temos um projeto que, com a ajuda de nossos parceiros, apoiamos muitos projetos sociais de futebol feminino, e tem sido um grande sucesso para o fomento da modalidade no clube, onde selecionamos inúmeros atletas para nossa base. Deste projeto já saíram atletas que foram convocadas e ganharam medalhas de ouro em competições com a seleção brasileira sub17 e sub20.
Wallim Vasconcelos: Recentemente, o Flamengo encerrou as atividades do sub-15 e sub-17, mantendo apenas a equipe sub-20. A justificativa foi a não realização pela FFERJ dos campeonatos destas categorias. O Flamengo deve atuar de forma proativa junto à federação e aos demais clubes para que estes campeonatos voltem a ser realizados.
Pretendo, também, implementar um programa robusto de divulgação e desenvolvimento, que identifique e nutra talentos desde cedo, incluindo o incentivo para que as meninas se inscrevam nas inúmeras escolinhas de futebol do Flamengo em várias regiões do país, proporcionando treinamento adequado, acompanhamento educacional e oportunidades de progressão dentro do clube.
Também é essencial criar uma integração maior entre as categorias de base e o time principal, para que as jovens atletas tenham um caminho claro de crescimento e profissionalização. Vamos investir mais e melhor no desenvolvimento das jogadoras nas divisões de base, replicando a famosa frase “craque o Flamengo faz em casa”.
4. Como você pensa em divulgar o Futebol Feminino do Flamengo?
Luiz Eduardo Baptista: O Flamengo é uma potência esportiva e estão aí os Jogos Olímpicos para mostrar, o clube conquistou 6 das 20 medalhas ganhas pelo Brasil. Qualquer que seja a modalidade esportiva, será tratada com toda a seriedade e atenção que merece, e o futebol feminino não é uma exceção.
Maurício Gomes de Mattos: É fundamental uma área do departamento de marketing dedicada exclusivamente ao futebol feminino, tendo capacidade de desenvolver estratégias que considerem as particularidades da modalidade, que dialoguem com o público que já consome futebol feminino e capazes de aumentar os números atrelados ao consumo da modalidade. Além, é claro, de uma parte da comunicação do clube também dedicada apenas ao futebol feminino, promovendo ações de mídia que aumentem a exposição das atletas e da modalidade de forma geral.
Pedro Paulo: FlaTV e mídias alternativas. Vamos levar um projeto diretamente na Ferj. Vamos atuar junto com a federação carioca.
Rodrigo Dunshee: Desde 2019, quando assumimos, buscamos trabalhar a imagem do Futebol Feminino do Flamengo e buscar as melhores formas de aproximar cada vez mais a modalidade da nação rubro negra. Do nosso torcedor. Nenhum time no Brasil da modalidade teve uma evolução nos canais de comunicação como Flamengo.
Queremos sempre fazer mais e fazer diferente. Vamos trabalhar para isso. Fomos a primeira equipe brasileira a disputar amistosos na Europa. Vamos buscar a internacionalização cada vez mais.
Além disso, o Brasil é muito grande e o Flamengo é nacional! Vamos buscar fazer jogos em diversos estados para aproximar cada vez mais nossa torcida da nossa equipe. Já temos convites e vamos estudar para viabilizar esses jogos.
Wallim Vasconcelos: Planejo investir em campanhas de comunicação e marketing focadas em aumentar a visibilidade do futebol feminino, utilizando tanto as mídias tradicionais quanto as digitais. Isso inclui promover e transmitir os jogos pela FlaTV, criar conteúdos exclusivos, tais como documentários e entrevistas, e estabelecer parcerias com influenciadores e mídias especializadas. Além disso, a criação de eventos e ações que aproximem as jogadoras dos torcedores vai ajudar a construir uma base de fãs mais engajada. Outras ações que podem ser realizadas incluem a realização de alguns jogos na preliminar de jogos do masculino.
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5. Quais medidas você considera fundamentais para fortalecer o Futebol Feminino do Flamengo?
Luiz Eduardo Baptista: Mais adiante vamos falar aos rubro-negros sobre nosso projeto que, com toda a certeza, incluirá o futebol feminino.
Maurício Gomes de Mattos: As respostas anteriores apontam algumas estratégias com destaque para a profissionalização, investimento estrutural, incremento da divulgação da marca Flamengo por todo o país, aproximação com a CBF, FERJ e outros clubes, contribuindo na melhoria das competições e consequentemente na valorização do produto e captação de novas fontes de receita.
As recentes evoluções no Campeonato Brasileiro são um reflexo positivo dessa articulação entre os clubes, que se traduz em melhores premiações, melhora da arbitragem, maiores retornos de imagem, recordes de público e, por fim, melhoria no nível do campeonato.
É importante também não ser negligente na tomada de decisões. Um exemplo simples está na decisão de 2019 de não participar da Libertadores feminina, quando foi feita a opção de o time disputar os Jogos Mundiais Militares. Imagina qual seria a repercussão – financeira e de imagem – de ter o time masculino e feminino conquistando a Libertadores no mesmo ano?
Como presidente do Flamengo, vou acompanhar de perto o ciclo da Copa do Mundo Feminina de Futebol de 2027, que será realizada no Brasil. Nós temos a obrigação de assumir o papel que nos cabe como o maior clube do país, sendo protagonista nesse processo.
Pedro Paulo: Quantidade. Triplicar o número de atletas da base. É do volume que tira a qualidade. Craque o Flamengo faz em casa!
Rodrigo Dunshee: Ao longo desses 6 anos de nossa gestão, trabalhamos para uma evolução constante da modalidade, buscando mais parceiros, patrocinadores, mais investimentos no time profissional e em estrutura. Vamos continuar com essa crescente. Queremos que o futebol feminino esteja cada vez mais intrínseco na nossa cultura, pois a modalidade já é uma realidade no Brasil e no mundo. Dito isto, nosso objetivo sempre foi e sempre será vencer todas as competições que disputamos. E temos como objetivo maior a conquista da Libertadores. Vamos atrás dela.
Wallim Vasconcelos: Em primeiro lugar, incrementando a relação vitoriosa com a Marinha do Brasil,
tornando mais forte tanto a categoria profissional, quanto a categoria de base.
Além disso, construir um plano de comunicação específico para a atividade é importante para construir uma relação mais forte com a torcida, fazendo com que o futebol feminino se torne parte integral da cultura do clube. O fortalecimento e a criação de novas parcerias, patrocínios e divulgação maciça do futebol feminino servirão para impulsionar sua visibilidade e o seu desenvolvimento.
Externamente, como explicitado no item 1 acima, o Flamengo tem que liderar a criação da Liga de Futebol Feminina. Estou convencido de que somente assim o esporte se desenvolverá no país.
O MRN agradece a todos os candidatos e assessores pela participação. Desejamos que o vencedor da eleição marcada para o dia 9 de dezembro consiga implementar todas as suas ideias de melhorias. A Nação Rubro-Negra merece ver seu time brigando de igual para igual com todos os rivais.