No 35º jogo, Tite alcança duração média de técnicos do Flamengo na gestão Landim

09/05/2024, 16:30
Tite pode ser o nono técnico da gestão Landim a sair antes dos 60 jogos

Tite estreou no Flamengo em 19 de outubro de 2023. A boa vitória sobre o Cruzeiro, no Mineirão, por 2 a 0 deixou elenco, diretoria e, principalmente, muito animados com as perspectivas do trabalho. Na entrevista coletiva após a partida, o treinador falou que o trabalho seria jogo a jogo. Trinta e quatro partidas depois, Tite vê a continuidade do seu trabalho ameaçada.

Um breve olhar para trás prova que a pressão sobre o atual técnico não é novidade. Nenhum dos oito profissionais que comandaram o Flamengo na gestão Rodolfo Landim fez mais de 60 jogos. Jorge Jesus saiu após 58 partidas e cinco taças. Vitor Pereira perdeu tudo e durou apenas 18 jogos. Na média, os oito técnicos ficaram cerca de 36 jogos no banco de reservas do Flamengo.

Jorge Jesus (58 jogos)

O 35º jogo de Jorge Jesus no comando do Flamengo foi a goleada por 4 a 1 sobre o Ceará, no Maracanã. Era o jogo da festa dupla pelos títulos da Libertadores sobre o River Plate e do Campeonato Brasileiro, com campanha ainda não igualada na era dos pontos coirridos. Jorge Jesus recebia dos 65 mil presentes no Maracanã os vivas de maior técnico da história do clube. Todos os profissionais que vieram depois dele sofreram com sua sombra e com comparações com o futebol que o português fez o time jogar.

Flamengo só acertou alvo em 21% das finalizações nos últimos 6 jogos

Domenec Torrent (23 jogos)

O catalão Dome não sobreviveu para alcançar a marca dos 35 jogos. Adepto de um esquema despreocupado com a solidez defensiva, parecia não se incomodar em levar goleadas. A torcida, por outro lado, se incomodava bastante. Na sequência final, levou 4 a 1 do São Paulo no Maracamã, perdeu de 3 a 2 do Athletico-PR na Liga Arena e, para finalizar, levou 4 a 0 do Atlético-MG, no Mineirão. Desde então, trabalhou por 19 jogos no Galatasaray, em 2022, e nunca mais.

Rogério Ceni (45 jogos)

Primeiro técnico a levantar taças depois de Jorge Jesus, Rogério Ceni chegou à 35ª partida no comando do Flamengo no primeiro jogo das finais do Estadual 2021. O empate em 1 a 1 com o Fluminense deixou a porta aberta para a conquista da taça na volta, com vitória por 3 a 1. Era a terceira conquista, pois Ceni levantou o Brasileiro 2020 e a Supercopa 2021.

Mas algo não andava bem. Nos bastidores, já havia rumores de problemas de relacionamento no Ninho do Urubu. Dez jogos depois, bastaram três derrotas para Juventude, Fluminense e Atlético-MG, pelo Brasileiro, para Rogério sair.

Renato Gaúcho (37 jogos)

Se Ceni não tinha a cara do Flamengo, poucos personagens do futebol têm mais a cara do Rubro-Negro do que Renato Portaluppi. Foram apenas 37 jogos no comando do Fla, com começo fulminante de 14 vitórias em 15 jogos. Era um time irresistível no ataque, mas que apresentava fragilidades atrás. E Renato repetiu sua grande deficiência na carreira de treinador.

A incapacidade de melhorar o time no meio das partidas. O jogo 35 aconteceu no Rio Grande do Sul, na vitória de 2 a 1 sobre o Inter. O capítulo final foi em Montevidéu, na final da Libertadores 2021. A derrota para o Palmeiras significou o fim do trabalho.

Paulo Sousa (32 jogos)

O segundo português desde Jorge Jesus chegou com o discurso de que se adpataria às características dos jogadores do Flamengo. Mas não fez isso por muito tempo. A relação com os atletas jamais foi harmônica. A briga pública com o goleiro Diego Alves foi o símbolo de um grupo rachado. O trabalho acabou na perda do Carioca 2022 para o Fluminense. Paulo Sousa ainda se arrastou por 18 jogos entre Brasileirão e Libertadores. Caiu em Bragança Paulista, após derrota para o Red Bull por 1 a 0.

Dorival Júnior (43 jogos)

Depois da grife portuguesa, o Flamengo apostou em mais um bombeiro brasileiro. Com perfil de paizão, mas que sabe montar um time simples e eficiente, Dorival Júnior chegou no sapatinho e rapidamente arrumou a casa que Paulo Sousa tinha deixado bagunçada. Dorival montou um losango no meio de campo com João Gomes, Thiago Maia, Everton Ribeiro e Arrascaeta.

Na zaga, criou duas duplas de força e experiencia, com Rodinei e David Luiz, na direita, e Léo Pereira e Filipe Luís, na esquerda. Resultado, ganhou a Libertadores, a Copa do Brasil e chegou a vice-líder do Brasileiro com o time B. Mas, ai, nas quatro partidas finais da temporada, sofreu derrotas em jogos que nada valiam e foi tragado pela ira da torcida e de parte da imprensa. Não teve o contrato renovado.

Vitor Pereira (18 jogos)

Depois do bombeiro duas vezes campeão, o Flamengo achou por bem voltar para a grife portuguesa. Tirou Vitor Pereira do Corinthians e vendeu João Gomes. Para completar, deu 45 dias de férias ao elenco que tinha quatro títulos para decidir até o início de abril. O resultado foi o pior possível. O time campeão da Copa do Brasil e da Libertadores se desintegrou e vieram vices e derrotas doídas para Palmeiras Al Hilal, Del Valle e, finalmente, Fluminense. A humilhante goleada de 4 a 1 na final do Estadual selou o destino de Vitor Pereira, em apenas 18 jogos.

Jorge Sampaoli (39 jogos)

Com o ambiente já bastante explosivo, o Flamengo decidiu chamar o pirotécnico treinador argentino para comandar o time na segunda metade da temporada 2023. Conhecido por ter relações interpessoais terríveis nos clubes em quie trabalha, Sampaoli até que começou bem. O time engatou uma sequência de mais de 23 jogos com apenas uma derrota, mas algo parecia fora do lugar.

Foi na noite de 29 de julho que tudo ruiu. Um soco do preparador físico Pablo Fernadéz em Pedro destruiu o trabalho. Paquidérmica, a diretoria do Flamengo ainda demorou 12 jogos para demitir Sampaoli, o que custou ao clube a eliminação na Libertadores e o vice na Copa do Brasil.


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