Contra o Fluminense, vislumbramos o Flamengo que queremos

23/02/2016, 15:05

As expectativas para o clássico contra o Fluminense não eram boas após o jogo contra o Vasco, mas a barração de Márcio Araújo para a efetivação de Cuéllar renovou os ânimos. O time entrou com o espírito de seu 1° volante e poderia ter ido para o intervalo ganhando de goleada, bem como poderia ter terminado o jogo com derrota, após as substituições e expulsões.

Por indicação dos responsáveis por acompanhar o condicionamento físico dos atletas, Juan foi poupado contra o Fluminense sendo a única baixa entre os titulares. O Flamengo escalado por Muricy foi:

Paulo Victor – Rodinei, Wallace, Juan, Jorge – Cuéllar – Cirino, Arão, Mancuello, Emerson – Guerrero

Meio afinado leva o Flamengo ao domínio

Foto: Gilvan de Souza / Flamengo

A primeira mudança em relação aos últimos jogos esteve na dinâmica da trinca central. Mancuello começou jogando voltando muito para fazer a saída de bola junto a Cuéllar, enquanto Arão mantinha-se mais adiantado, porém quando Mancuello se apresentava no ataque Arão segurava mais atrás para auxiliar Cuéllar na defesa.

Ao contrário do que víamos com Márcio Araújo, não houve intermináveis trocas de passe entre os zagueiros e o 1° volante. Cuéllar procurava sair rapidamente com a bola e principalmente com os meias Arão e Mancuello, sempre avançando para dar opção de passe e assim evitar que o companheiro tivesse que arriscar um passe longo ou voltar a bola. Não há exagero em dizer que, no 1° tempo, Cuéllar colocou Diego Souza no bolso.

O domínio do meio campo assegurou ao Flamengo a maior passe de bola e uma maior variabilidade de criação de jogadas. No lado direito, Cirino, Arão e Rodinei se entendiam bem, sempre usando a velocidade para chegar à área tricolor, apesar do lateral ainda desperdiçar a grande parte das jogadas que tenta. Já o lado esquerdo é mais técnico e menos veloz, se Rodinei sempre tenta o cruzamento, Jorge por vezes tenta a enfiada para Mancuello ou Sheik que penetram a área. Ainda há um descompasso entre Emerson e seus companheiros, que por vezes passam e fazem a ultrapassagem e não recebem a bola porque o atacante prende excessivamente, tentando jogadas de efeito.

Como nem tudo é perfeito

Apesar da pressão, o Flamengo finalizou menos do que poderia diante do volume de jogo apresentado. Os erros de passe no último terço do campo não só impediram que houvessem mais arremates ao gol tricolor, como possibilitaram contra-ataques perigosos em que o Fluminense usou o espaço deixado do lado direito de ataque do Flamengo.

Fred conseguiu receber em posição perigosa e superar os zagueiros algumas vezes devido à falta de proteção provocada pela demora na recomposição defensiva. Observem os jogos e perceberão que há jogadores que correm com muito mais vontade pra frente do que pra trás.

Os gols

Logo aos 14 minutos do 1° tempo Mancuello bateu um escanteio venenoso que fez Diego Cavalieri espalmar a bola de qualquer jeito. Arão, que parece sob efeito da estrelinha do Mário, pegou a sobra e bateu forte para abrir o placar.

Foto: Gilvan de Souza / Flamengo

No retorno do intervalo, o Flamengo começou acelerado e, numa jogada que já havia dado errado várias vezes, Cirino avançou pela direita, passou para Rodinei na entrada da área, que ao invés de avançar à linha de fundo como de costume, cruzou dali mesmo para Guerrero que entrava em velocidade, marcado por apenas um defensor, cabecear para ampliar o placar.

O gol tricolor veio, novamente, em jogada de bola parada. Gustavo Scarpa bateu muito bem, com a bola passando sobre o 2° homem da barreira – que mal pulou, diga-se – e entrou no canto esquerdo, pouco abaixo do ângulo.

Arbitragem e Muricy fazem de tudo pro Fluminense virar

Desde o 1° minuto, Fred apitou o jogo. Enquanto o capitão tricolor fez pressão na arbitragem desde o início de jogo, como de costume, o capitão rubro-negro se preocupava apenas em jogar. Nenhum jogador, mesmo o experiente Emerson, fez qualquer coisa para evitar que Fred influenciasse as decisões do juiz e isso se refletiu em várias marcações equivocadas.

Aos 7 minutos do 2° tempo, Cuéllar chegou firme em uma dividida com Marcos Júnior, foi empurrado por Pierre e a confusão se formou com jogadores se peitando e outros tantos tentando apartar. O juiz, equivocadamente, não só expulsou Cuéllar como também errou o jogador tricolor que começou a confusão, expulsando Marcos Júnior e não Pierre.

Para dar seguimento ao festival de erros, Muricy chamou Márcio Araújo – por algum mistério inexplicável Canteros nem no banco estava – e, ao invés de tirar um dos pontas, resolveu tirar Mancuello. A perda dupla matou o meio-campo do Flamengo, que passou a não conseguir criar ou acertar a marcação.

O time, que vencia por 2 a 0, passou a ficar preso no próprio campo e nitidamente adotou a postura de segurar o resultado. O destaque negativo ficou com a dupla de volantes que além de não protegerem bem a defesa (Arão teve 1 desarme no jogo e Márcio Araújo 0), ainda permitiram ataques perigosos ao errarem passes próximos a própria área, só Arão deu 3 bolas açucaradas pro Fluminense.

Foto: Gilvan de Souza / Flamengo

Mas como até dos piores cenários pode-se tirar algo bom, temos o desempenho da primeira linha de 4 no 2° tempo. Rodinei subiu de rendimento e passou a proteger mais o setor, além de aparecer como desafogo na saída em velocidade pela direita, enquanto na esquerda Éverton entrou no lugar de Emerson para fazer o mesmo. César Martins foi impecável durante o jogo, salvando em um lance que poderia levar ao empate e anulando Fred no 2° tempo. Wallace, líder de desarmes no jogo, também esteve muito bem e seguro até ser expulso por lance infantil apontado por Fred (sim, novamente ele expulsando jogador). Jorge novamente fez partida impecável defensivamente, dando grande cobertura ao setor esquerdo.

Com a expulsão de Wallace aos 41 do 2° tempo, sem saber quanto de acréscimo o juiz daria – as paralisações pelas expulsões poderiam ser compensadas – e tendo apenas 9 jogadores de linha em campo, Muricy resolveu tirar Cirino e colocar Gabriel ao invés de Léo Duarte, o zagueiro que estava no banco. Se antes o Fluminense já pressionava, com um jogador a mais e precisando de 1 gol pra empatar, a situação piorou muito e a mexida de Muricy fez o Flamengo flertar seriamente com o empate.

Novidades para o próximo jogo

Na semana passada Muricy já havia adiantado que começaria a poupar jogadores e as suspensões de Cuéllar, Guerrero e Wallace contribuem para um time quase todo reserva. Contra a Cabofriense, em Macaé, o Flamengo pode ter um time com Paulo Victor – Pará, César Martins, Juan, Chiquinho – Canteros – Gabriel, Márcio Araújo, Mancuello, Éverton – Vizeu. Acho que caberia testar Ronaldo de 1° volante e ver Canteros ao lado de Mancuello.

Saudações Rubro-Negras


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